Os emojis acabam de entrar para a história da arte por serem
incorporados à coleção do famoso Museu de Arte Moderna de Nova York
(MoMA), onde estão expostos atualmente em sua versão original.
"Criei o que eu mesmo queria ter, algo que acrescentasse sentimentos"
às curtas e frustrantes mensagens escritas, explica o criador de 44
anos, que na época trabalhava na NTT Docomo, pioneira da internet móvel.
Para Kurita, "ter a honra" de estar exposto no MoMA é mais do que poderia imaginar, admite em entrevista à AFP em Tóquio.
Os emojis, termo que significa, literalmente, "imagem-letra" em
japonês, são de certa forma "uma evolução dos Kanji (ideogramas),
transformados em pictogramas coloridos na era digital", considera
Kurita, que também disse ter se inspirado nos desenhos de mangás.
"Por sua origem japonesa, não esperava que as pessoas no exterior
adotassem os emojis", afirma, ainda surpreso pelo sucesso de sua
criação.
"Reafirmar o lado humano
"Do coração ao guarda-chuva, da taça de Martini ao "smiley", "estas
modestas obras de arte plantaram as sementes que permitiram o incrível
desenvolvimento de uma linguagem visual", resume Paul Galloway, um dos
responsáveis do MoMA.
Doze anos depois de seu nascimento no Japão, a febre emoji tomou conta
do mundo quando a Apple os integrou à biblioteca de caracteres do
iPhone.
Desde então, eles se multiplicaram até superar os 1.800 símbolos, além
de alegrar as conversas escritas. Um exemplo é o tenista Andy Murray,
que contou sobre seu casamento no Twitter apenas usando emojis.
Este recurso das imagens parece mais necessário com a chegada da
comunicação eletrônica "para reafirmar o lado humano em um universo
profundamente impessoal e abstrato", destaca Galloway.
Os emojis "permitem que uma mensagem informal transmita emoções e
sentimentos que são difíceis de passar em conversas escritas", confirma
Marcel Danesi, professor de semiótica na Universidade de Toronto e autor
de um livro sobre o tema.
"Permitem também comprimir a informação, ganhar espaço e, sobretudo,
acrescentam um tom não conflituoso à mensagem", como se "apaziguasse as
relações, acabando com potenciais tensões".
Eternos
"Um smiley no início e no final de uma mensagem garante que ela será
lida em um estado de ânimo positivo, inclusive se a intenção é irônica
ou de acusação", continua. "Com um coração que mensagem poderia ser
negativa?", concorda Kurita.
Especialmente apreciados pelos mais jovens, os emojis se enriquecem a
cada ano sob a égide do consórcio Unicode, com sede no Vale do Silício,
responsável por codificar cada caractere para que possa ser lido em
qualquer dispositivo eletrônico, "seja qual for a plataforma, programa
ou idioma".
Mas Danesi adverte que em alguns casos há uma "certa ambiguidade", até o
ponto de uma agência de tradução londrina decidir contratar um
especialista para decifrar seu uso de acordo com o país.
Sobre sua perenidade, o semiólogo admite não estar "seguro de que os
emojis como conhecemos hoje irão durar para sempre". Entretanto, o
nascimento de "uma escrita híbrida" que mistura signos clássicos e
símbolos visuais é um "marco", afirma.
O homem por trás dos emojis, que atualmente ocupa um alto cargo na
empresa japonesa de serviços on-line Dwango, quer acreditar que suas
criações ficarão para a posteridade.
"Me pergunto como serão em 50 ou 100 anos. Mas não acredito que desaparecerão".
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